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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Música, décadas de sonho e uma tal de nostalgia...



Seja Pop, Rock, Jazz, Grunge ou Metal há sempre uma que vem e fica. Algumas marcam décadas inteiras, outras não sobrevivem ao longo de um ano e outras só chegam aos ouvidos dos que lhes prestam culto.
Se há coisa que a música tem, é aquele “je ne sais quoi” capaz de nos transportar para momentos, para mundos e épocas diferentes… há quem lhe chame nostalgia. Nem sei se seria capaz de qualificar a música no seu todo como uma sucessão de décadas diferenciadas ou se o deveria fazer por décadas vivenciadas.

 Não me revejo em certos padrões de hoje… “se sou desta época só devo ouvir determinada música catalogada como actual, pop e amplamente divulgada até à exaustão”?...desculpem, mas não me convencem!
 Talvez estas novas gerações tenham deixado de exigir aquilo a que têm direito enquanto consumidores de música. E parte dessa culpa pertence à “milagrosa” internet. È tudo tão fácil! Ser artista é fácil, compor é fácil, cantar é fácil… e ter qualidade suficiente para marcar um estilo? Uma década? Sim, porque o que vejo hoje é apenas reciclagem daquilo que já se fez, e diga-se muita reciclagem mal feita, sem feitio, sem estilo, sem musicalidade própria, sem classe… Tudo em nome do comércio.

 Eu sei que se deve fazer o que quem consome quer ouvir, mas e a identidade artística? Não se fabrica talento. E gosto musical aprende-se, cultiva-se. Tudo posers. Escravos da imagem, dos acessórios e das editoras que espremem toda e qualquer fonte de “quase-talento” em nome dos ditos lucros. Meus caros, isso é um tiro no próprio pé.
Eu ainda sou do tempo em que se fazia música por prazer e ela vendia. Eu ainda sou do tempo em que um grupo de pessoas com poucos recursos e muito talento se lançava na aventura, estrada fora a ver no que dava. E alguns ainda andam por ai a mostrar a esta malta nova o que é ser músico.

 Estou farta de ouvir pechinchas que me tentam impingir com chancela dourada, aclamada por grandes ataques de popularidade e que amanha já ninguém conhece… não quero que nenhuma das décadas vivenciadas por mim deixe de herança apenas “one hit wonders” para recordação… Eu quero qualidade, entrega, estilo, eu quero uma década de nostalgia da melhor qualidade. Quero arrepiar ao som da primeira nota, ficar sem fôlego ao ressoar da última… Talvez seja muito, hoje em dia já ninguém exige nada… limitam-se a ouvir só porque a malta ouve.  Talvez eu queira uma maquina do tempo… talvez o vinil seja a minha cara. Ou talvez seja apenas nostalgia.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Tag- Ama ou Odeia

Eis que finalmente respondo a uma Tag... como vi na A Mulher que Ama Livros, não resisti a mostrar-vos as minhas adoradas respostas.

1- O teu Top 3 de livros favoritos:
  •  "Agora és minha" - Mary Higgins Clark
  • "O Monte dos Vendavais" - Emily Brönte
  • " Entrevista com o Vampiro" - Anne Rice 
2- O teu Top 3 de livro que menos gostas
  • " O Grande Gatsby"- F- Scott Fitzgerald
     ( muito provavelmente por culpa da má tradução da versão que li, um facto curioso é que apesar de não ter gostado assim tanto do livro, adorei o filme.)
  • " Este país não é para velhos" - Cormac McCarthy
    ( achei o final da história muito parva... a história em si cativou-me mas aquele final foi uma perfeita desilusão, a menos que a ideia fosse deixar uma ponta solta para um próximo livro. Curiosamente o filme foi um sucesso, mas também não gostei era fidelíssimo ao livro e repetia o mesmo final sem nexo. )
  • " Os Maias" - Eça de Queirós 
( mais uma vez a história é muito boa mas peca por ser demasiado descritivo e talvez o facto de o ter lido por necessidade e obrigação escolar tenha influenciado a minha opinião à cerca dele. O estudo exaustivo da obra também contribuiu para isso. Talvez um dia o volte a ler e mude de opinião. Sem ofensa querido Eça hehehe)

3- O teu Top de personagens favoritos

 Alaska - " À procura de Alaska" - John Green
Heathcliff - " O Monte dos Vendavais"- Emily Brönte
krystal weedon- "Uma Morte Súbita" - J.K. Rowling

4-O teu Top de personagens que menos gostas

Tiffany- "Guia para um final feliz" - Matthew Quick ( confesso que esta personagem sempre me deixou com dúvidas... há momentos no livro em que gosto dela e há momentos em que a odeio por ser tão irritante. E mais uma vez, adorei o livro e o filme ficou à quem das minhas expectativas. Mudaram tantos factos em relação ao original que a história já parecia outra apenas com um resticio de meras coincidências.

Shirley- " Uma Morte Subita"- J.K.Rowling
( estão a ver aquela senhora de meia idade que mora na vossa rua e que além de falar mal dos outros ainda se acha um exemplo de virtude? Shirley é essa senhora e isso basta para eu a detestar.)

Bella- "Crepúsculo" - Stephenie Meyer
( confesso que não desgosto da saga mas talvez eu a resumisse a um único livro, primeiro porque tanto Lua Nova como Eclipse não tiveram assim tanta importância, não se passou nada, chegou mesmo a ser chato, o final até nem estava mal... embora eu mudasse umas coisas... uma delas era precisamente Bella... de rapariga frágil e insegura, passa para vampira ultra forte e segurissima de si? Nada credivel a meu ver... falta um pouco de nexo à personagem e vá ali para o meio quando ela se dividia entre o Lobo e o Vampiro.. achei uma treta.

5- Maior decepção literária

"O grande Gatsby"- F- Scott Fitzgerald
( pelas razões supracitadas e porque tinha expectativas demasiado altas em relação ao livro, uma vez que toda a gente o leu e toda a gente o achou brilhante. Fiquei "chocada" com aquele final que eu não esperava mesmo... quase tive um mini ataque cardiaco! hehehe

6- Livros que gostaste muito e que o outros odiaram

 A vida de Pi - Yann Martel
( expectativas demasiado altas para um livro que começou de forma brilhante e depois se revelou a maior seca literária alguma vez lida por mim, apesar de se passar em alto mar e existir água em abundância hehehe)

7- Personagens que as pessoas adoraram mas que tu odiaste

Mr Darcy- "Orgulho e Preconceito"- Jane Austen
(não se assustem.. eu apenas acho Mr Darcy tão perfeito que o odeio por não existir um Mr Darcy na minha vida hehehe vá e porque queria que ele tivesse sido menos paciente com a Elizabeth... eu sei, sou uma leitora estranha.)

8- Personagens que as pessoas odeiam mas que tu amas 

Heathcliff- "O monte dos vendavais"- Emily Brönte
( eu sei, o Heat. é o mau da fita, mas acho que ele merece a minha compaixão pelos desgostos amorosos que teve, por tudo o que passou por causa de Catherine, talvez vingar-se na geração seguinte não tenha sido lá muito certo, mas se assim fosse a história não teria tanta emoção. E devo dizer que sim, sempre preferi vilões, geralmente são mais emocionantes, mais apaixonados, mais revoltados. Em suma, levam as emoções ao extremo e eu gosto disso.) 

9- Melhores citações

Qualquer livro de poesia, acho magnifico toda aquela mística entre as palavras e aquele sentimento tão profundo que chega a doer a alma de tão bom. É sempre algo que nos toca e que vai ficando cá dentro.

10- Piores citações

todas aquelas que são descontextualizadas e despropositadas... mas claro, depende sempre do que se fale. 

11- Livros que não terminaste

"A filha do capitão"- José Rodrigues dos Santos
" A cidade e as serras"- Eça de Queirós

12- O livro que leste mais vezes

"Agora és minha" - Mary Higgins Clark
( li-o a primeira vez aos 12 anos, sim não era leitura para a minha idade, mas fazer o que? sou uma leitora precoce.. passei a adolescência inteira a ler livros não juvenis, e o romance policial sempre foi um dos meus géneros preferidos. Este em especial li-o mais de 5 vezes e continuo a gostar dele.)

13- Serie que o primeiro livro foi sensacional mas acabou por ser uma decepção

tratando-se de series, acho que hoje em dia todos querem publicar series e uma historia que podia dar um livro fantástico acaba por prolongar-se mais do que devia e deitar tudo a perder.. podia citar várias, porque foram realmente poucas as series que li e que gostei de todos os livros sem excepção... mas vá se é pra citar é pra citar. 

Saga Luz e Escuridão- Stephenie Meyer
Hunger Games- Suzanne Collins
entre outras...






domingo, 1 de dezembro de 2013

Português musicalmente falado...

Nos últimos anos temos assistido a uma incapacidade por parte do grande publico em valorizar a música cantada em português. Ao contrario do que se podia constatar no panorama musical nacional nos anos 80, em que a esmagadora maioria dos artistas ainda prestigiava a sua língua materna, o século XXI abriu-nos os horizontes ao que se fazia lá fora e enquanto que escancarámos a porta ao que vem de fora, vamos fechando as janelas do que se faz por cá.
Ok, tenho de concordar que nos anos 80 ainda se traziam os tempos duros da ditadura bem frescos e talvez isso ainda assombrasse um pouco a ousadia artística, ou talvez não. Gosto de acreditar que, o que se fazia na altura era mais genuíno. Que fique claro que não tenho nada contra músicos portugueses preferirem expressar-se artisticamente em outras línguas ( nomeadamente o inglês), até porque esta quase "guerra" moralista entre ser ou não legitimo cantar-se numa língua que não a nossa língua mãe, já passou por baixo de muitas pontes e não se chegou a conclusão nenhuma. Liberdade de expressão inclui liberdade de escolha e a musicalidade de cada um é escolha de cada um, quer se goste mais ou menos. talvez se cante mais em inglês porque existe um sonho, uma necessidade de voar rumo a outras plateias. Entendo. Mas se até os japoneses ouviram Amália cantar o fado mais genuinamente lusitano e apreciaram, mesmo sem terem entendido qualquer palavra... a questão continua. Eis que o que talvez muita gente não entenda é que a música enquanto arte, vive em muito mais do que palavras. Ela sente-se mais do que se entende...e embora seja possível ama-la sem entende-la é deveras difícil ama-la sem senti-la.
Outra questão é, se vão optar por outra língua para expressar a sua arte, que não o façam levianamente só porque sim. Usem-na bem, pronunciem-na bem, tratem dela como tratariam da língua que vos guiou nas primeira palavras. Creio que onde muitos se perdem, não raras vezes, é na tentativa de serem entendidos pelo mundo inteiro e nem meio mundo os entende de tão mal se pronunciarem. Haja calma nessa hora. Se existe um problema com os consumidores portugueses, que desacreditam a própria língua musicalmente, nós enquanto consumidores podemos dizer o mesmo em relação aos artistas e aos seus editores. Também eles parecem ter desacreditado a nossa cultura.
 Pois pasmem, o que existe de mais valioso num povo é a sua cultura. Se calhar estava na hora de voltarmos a dar valor às origens. Criar raízes intemporais mais profundas que a ganancia de vender além fronteiras. Apostar no que é a nossa verdadeira herança: a cultura.  E não, não estou a dizer para ouvirem música popular, pimba, de folclore ou qualquer outro rotulo que lhe queiram impor, estou apenas a levantar algumas questões que as vezes me atormentam enquanto melómana e enquanto patriota. Claro que consumo música estrangeira ( mais que muita até) mas também gosto de cultivar a semente portuguesa naquilo que me é possível ( ok agora vão perguntar porque escolhi um nome estrangeiro para o blog).
 Há coisas muito boas feitas por cá, e muito boas vozes que ainda se atrevem a prestigiar a língua de Camões e de todos nós. Querem criticar, dizer que não presta? Digam, estão no vosso pleno direito, mas não o façam sem darem a chance de escutar. Há sempre uma melodia que se encaixa, um presente aos nossos ouvidos. E tudo o que ela precisa para germinar é de uma oportunidade.
Para rematar, deixo aqui como exemplo a minha descoberta auditiva desta manha, bastante prazerosa devo dizer, um projecto sem preconceitos, repleto de referencias da nossa musicalidade que vários artistas vestiram com a sua voz e a sua alma. De ouvir e sonhar por mais.

http://www.youtube.com/watch?v=WD33HQg8iX8&list=PLw3jJzWsyjTdyuy0wyRG50GQafl_6QzBx


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

J.K. Rowling e " Uma morte súbita"

Quem não conhece J.K.Rowling que atire a primeira pedra... ok, sem dramas, podem não conhecer a mencionada autora mas certamente que a sua obra prima, a sua epopeia juvenil literária, não vos terá deixado indiferentes ( ou então não habitam este planeta). Claro que falo de Harry Potter, o aprendiz de feiticeiro mais famoso do planeta e quiçá arredores, mas esta personagem dispensa apresentações. J.K. Rowling habituou-nos a uma escrita fácil de se gostar. Embora as aventuras do pequeno feiticeiro tenham sido escritas a pensar num público mais jovem, a forma como a trama nos é apresentada é deveras bem escrita e muito bem estruturada. Personagens complexos, segredos bem guardados até ao finalzinho de cada aventura e muitas peripécias em cada capitulo fazem da saga, a colecção de aventura mais vendida de todos os tempos. Ok, há muito quem não goste e questione a narrativa da autora, assim como também existiam os fãs que passavam a noite na portas das livrarias esperando ser os primeiros a tocar a obra ( e devorá-la literalmente).
Então, eis que depois de tanto questionarem as capacidades da autora, ela decide afirmar-se nisto das escritas mostrando aos mais cépticos que veio para ficar. Uma Morte Súbita ou  Casual Vacancy ( no titulo original) é o primeiro livro da autora para um publico mais adulto. E o que há de novo nisso? - perguntam vocês. Nada. E é exactamente isso que é incrivelmente bom. Não é a historia em si que trás algo de diferente ao panorama da literatura, mas sim a maneira como ela é contada.
O jogo constante de diferentes pontos de vista da mesma história encarada e sentida por diferentes personagens, o "estalo na cara" a uma sociedade local cheia de preconceitos e julgamentos morais, a trama complexa a que nos habituou. O jogo de cintura com que a trama nos enreda até ao desenlace final é surpreendente, quase tomamos as dores dos personagens, e em cada um deles vemos um pouco de nós. Aquela linha ténue entre a ficção e a realidade, em que ambas se misturam e descobrimos que Pagford podia ser ali ao virar da esquina, afinal nada inspira melhor a ficção do que a própria realidade.
Este livro é a prova de que uma história aparentemente simples quando bem trabalhada pode revelar-se surpreendente. E surpreendente é decididamente a palavra certa, pois quando se julga que a história vai seguir para a esquerda, ela decide desmistificar algum segredo e enredar-nos novamente. Desfecho inesperado para algumas personagens, capacidades de reacção inesperadas em outras, porque no final das contas ninguém tem tanto de santo, nem tanto de vilão.
 Se eu podia fazer "spoiler"? Podia, mas não quero influenciar a vossa opinião sobre a obra em causa. Leiam e digam de vossa justiça... eu apenas digo, J.K.Rowling amadureceu literalmente junto com os seus leitores que num dia iam para a escola esperando encontrar Hogwarts e no meio caminho descobrem a pequena cidade de Pagford.

De volta das letras, outra vez...

E é possível  deixar de comentar as pilhas de coisas e de livros que se lêem por ai?
Sim, as coisas também se lêem. Algumas histórias são sussurradas, assim de mansinho por algum livro deixado aberto por descuido, ou nalgum olhar perdido propositadamente.
 Quantas histórias guardamos dentro de nós? Tantas quantas somos capazes de albergar no peito. E quantas histórias protagonizamos? Tantas quantas nos florescem nas pele. E se todas fossem palavras dançando nas páginas de um livro? Talvez arranjassem morada...no coração ávido de um leitor.