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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

J.K. Rowling e " Uma morte súbita"

Quem não conhece J.K.Rowling que atire a primeira pedra... ok, sem dramas, podem não conhecer a mencionada autora mas certamente que a sua obra prima, a sua epopeia juvenil literária, não vos terá deixado indiferentes ( ou então não habitam este planeta). Claro que falo de Harry Potter, o aprendiz de feiticeiro mais famoso do planeta e quiçá arredores, mas esta personagem dispensa apresentações. J.K. Rowling habituou-nos a uma escrita fácil de se gostar. Embora as aventuras do pequeno feiticeiro tenham sido escritas a pensar num público mais jovem, a forma como a trama nos é apresentada é deveras bem escrita e muito bem estruturada. Personagens complexos, segredos bem guardados até ao finalzinho de cada aventura e muitas peripécias em cada capitulo fazem da saga, a colecção de aventura mais vendida de todos os tempos. Ok, há muito quem não goste e questione a narrativa da autora, assim como também existiam os fãs que passavam a noite na portas das livrarias esperando ser os primeiros a tocar a obra ( e devorá-la literalmente).
Então, eis que depois de tanto questionarem as capacidades da autora, ela decide afirmar-se nisto das escritas mostrando aos mais cépticos que veio para ficar. Uma Morte Súbita ou  Casual Vacancy ( no titulo original) é o primeiro livro da autora para um publico mais adulto. E o que há de novo nisso? - perguntam vocês. Nada. E é exactamente isso que é incrivelmente bom. Não é a historia em si que trás algo de diferente ao panorama da literatura, mas sim a maneira como ela é contada.
O jogo constante de diferentes pontos de vista da mesma história encarada e sentida por diferentes personagens, o "estalo na cara" a uma sociedade local cheia de preconceitos e julgamentos morais, a trama complexa a que nos habituou. O jogo de cintura com que a trama nos enreda até ao desenlace final é surpreendente, quase tomamos as dores dos personagens, e em cada um deles vemos um pouco de nós. Aquela linha ténue entre a ficção e a realidade, em que ambas se misturam e descobrimos que Pagford podia ser ali ao virar da esquina, afinal nada inspira melhor a ficção do que a própria realidade.
Este livro é a prova de que uma história aparentemente simples quando bem trabalhada pode revelar-se surpreendente. E surpreendente é decididamente a palavra certa, pois quando se julga que a história vai seguir para a esquerda, ela decide desmistificar algum segredo e enredar-nos novamente. Desfecho inesperado para algumas personagens, capacidades de reacção inesperadas em outras, porque no final das contas ninguém tem tanto de santo, nem tanto de vilão.
 Se eu podia fazer "spoiler"? Podia, mas não quero influenciar a vossa opinião sobre a obra em causa. Leiam e digam de vossa justiça... eu apenas digo, J.K.Rowling amadureceu literalmente junto com os seus leitores que num dia iam para a escola esperando encontrar Hogwarts e no meio caminho descobrem a pequena cidade de Pagford.

De volta das letras, outra vez...

E é possível  deixar de comentar as pilhas de coisas e de livros que se lêem por ai?
Sim, as coisas também se lêem. Algumas histórias são sussurradas, assim de mansinho por algum livro deixado aberto por descuido, ou nalgum olhar perdido propositadamente.
 Quantas histórias guardamos dentro de nós? Tantas quantas somos capazes de albergar no peito. E quantas histórias protagonizamos? Tantas quantas nos florescem nas pele. E se todas fossem palavras dançando nas páginas de um livro? Talvez arranjassem morada...no coração ávido de um leitor.